Desde que a saga concebida por George Lucas arrebatou as bilheterias com “Episódio IV: Uma Nova Esperança”, em 1977, "Star Wars" expandiu seu cânone ao longo de quase cinquenta anos e se tornou um exemplo de sucesso multimídia. Além das três trilogias que retratam a saga da família Skywalker, acumula videogames, livros, quadrinhos, brinquedos e até atrações de parques temáticos. Do ponto de vista do volume de conteúdo, nunca houve um momento melhor para ser fã de "Star Wars". No entanto, a Disney, que comprou a marca por pouco mais de US$ 4 bilhões em 2012, enfrenta resistência e, por isso, tem apostado muito mais na nostalgia do que na criatividade.
Depois de reviver a franquia com “Episódio VII: O Despertar da Força”, em 2015, o objetivo de Katheleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, era ter um filme de “Star Wars” por ano - mas isso, na prática, não funcionou. Irregular, a nova trilogia dividiu os fãs, ao contrário do bom spin-off “Rogue One”, de 2016, considerado por muitos o melhor filme da franquia na era Disney. O planejamento, porém, foi por água abaixo após o lançamento do medíocre “Han Solo: Um História Star Wars”, de 2018, um fracasso de bilheteria que fez a empresa repensar completamente seu cronograma de produções.
Desde então, “Star Wars” entrou num hiato cinematográfico, ao passo que um punhado de novas séries foram encomendadas para o streaming. O triunfo de “The Mandalorian” gerou o spin-off “O Livro de Boba Fett”, que até emulou bem a essência do western, mas não se sustentou em termos narrativos e passou batida por muitos. Em seguida, a escolha em trazer Ewan McGregor de volta para reviver o papel de Obi-Wan Kenobi provou ser um mero apelo nostálgico que resultou numa esquecível minissérie de seis episódios, que mais parece um filme inchado e particularmente mal editado.
Agora, a nova esperança da franquia está nas mãos de Tony Gilroy, roteirista responsável pelos quatro filmes da saga de Jason Bourne (outra franquia de enorme sucesso) e indicado ao Oscar pelo drama jurídico “Michael Clayton”, de 2007, com George Clooney. Ele também assinou o roteiro de “Rogue One”, filme cujos eventos que o antecedem serão retratados em “Andor”, série que estreia nesta quarta-feira (21), traçando a vida do espião rebelde Cassian Andor, interpretado pelo mexicano Diego Luna. A perspectiva de "Andor” é colocar holofotes em personagens aparentemente comuns da galáxia que nunca haviam recebido tanto destaque, mostrando como suas vidas foram transformadas com a ascensão do Império. “Eu não acho que essa é uma série para crianças de nove anos (...) Você deve ser capaz de assistir à série e não dar a mínima pra Star Wars, ou nunca ter visto Star Wars. Essa série funciona sozinha." explicou o showrunner à Variety, garantindo que a nostalgia barata não será bem-vinda em “Andor”.